Professor Sadao Omote

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A historiografia das produções em periódicos de Sadao Omote.

PICCOLO, Gustavo Martins; MOSCARDINI, Saulo Fantato; COSTA, Vanderlei Balbino da. A historiografia das produções em periódicos de Sadao Omote. Revista Brasileira de Educação Especial. Marília ,  v. 16, n. 1, p. 107-126,  Apr.  2010.


Homenagem de Agradecimento do GP-IDEA ao Prof. Dr. Sadao Omote, pelas contribuições à Educação Especial.

Fonte: ABPEE. Métodos de Pesquisa em Educação Especial #1- Pesquisa em Educação Especial. YouTube. 2020. (Série Métodos em Pesquisa em Educação Especial) - link externo
 

"Filho de imigrantes japoneses, makegumis do pós-Guerra e, no Brasil, trabalhadores rurais, o Professor Sadao Omote nasceu neste país apenas quatro meses após os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki. Cresceu em terras do interior do Estado de São Paulo (Pereira Barreto, cidade antigamente conhecida como Novo Oriente) onde, para além da língua portuguesa, se faziam presentes as culturas italianas, árabes, indígenas e, em casa (não somente), a japonesa.

De diversos modos, pareceu-me que essas e outras vivências contribuíram para a construção de sua identidade e suas multiplicidades imbricadas pelo perceber, sentir e viver a diferença. 

Do pouco que conheci do Prof. Sadao Omote, pelos riquíssimos e sensíveis diálogos que se fizeram nos últimos tempos entre nós, sempre com muita gentileza e franqueza, sua história e seu(s) modo(s) de ser, remeteram-me de imediato aos diálogos estabelecidos entre Deleuze e Guatarri, sobre a vida de Franz Kafka, no livro “Por uma literatura menor”. Ainda, foi possível perceber algumas proximidades na obra “O Estrangeiro”, de Albert Camus, que o próprio professor me apresentou. 

Arrisco, ainda, a dizer que as materialidades de sua existência, percebidas não apenas por suas significativas produções para as áreas da Educação Especial, da Psicologia, das Ciências Sociais, da Antropologia e da Pedagogia, mas por seu modo de conduzir suas relações e de perceber sua própria história, me fizeram resgatar reflexões de  Norbert Elias, que revela a continuidade diferenciada entre as estruturas psicológicas individuais e as estruturas sociais, nas quais os diversos sujeitos são considerados como faces diferentes de uma mesma estrutura. 

Seria quase como a máquina de rostidades apresentadas por Deleuze e Guatarri?

Talvez... Se não com as rostidades, ao menos com o desejo, com a força do intempestivo, com os devires minoritários, com as máquinas de guerra que vão se inventando em todos os contextos, como no currículo, no cotidiano escolar, em sua relação com os múltiplos espaços-tempos que o atravessam. 

Seria possível aproximar as provocações que o Prof. Sadao Omote nos coloca aos objetos da pulsão, de Freud, que percebia os recalques da esfera privada impulsionados a circularem simbolicamente na esfera pública?

Norbert Elias, Deleuze, Guatarri, Freud, ao considerarem aquilo que circula no espaço entre o indivíduo e a sociedade, remetem-me Néstor Canclini, que incita reflexões baseadas em análises sobre as culturas híbridas e os entrelugares.  

Seria muito incoerente conhecer a existência do Prof. Sadao na perspectiva de Vygostky, por exemplo, que defende a necessidade de ver a realidade de modo crítico, aliando-a ao entendimento de sua historicidade, com caráter dinâmico e conflitivo das lutas que constituem a sociedade e os seus papéis dentro dela? 

Faço esses questionamentos e reflexões, sobretudo quando li um texto sobre um breve recorte de sua vida, Itinerary of a Migrant Identity, em que relata duas recentes viagens de resgate quase antropológico, a Kyoto e a outras pequenas cidades do Japão. Ao fazê-las, relata ter repensado toda a sua história e diz ter no mínimo três identidades que, individualmente, coexistem: sua identidade civil e legal como cidadão brasileiro, sua identidade social como brasileiro japonês e, como identidade pessoal, japonês brasileiro. 

Reconhecer isso,  sobre certos movimentos acadêmicos de cristalização , dialogando sobre diferenças e dogmas, o Professor disse-me:

“Depois de todas essas andanças à procura de alguma coisa, cheguei à conclusão de que o desapego a dogmas específicos permite-nos aprender com todos os dogmas. [...]. Assim é, no meu entender, com as teorias científicas também.”

A sua existência, por si só (e por ele mesmo), remete esse hibridismo e o reconhecimento das diferenças, com a possibilidade de convivências mútuas. 

Sua fala remete-me, de algum modo, à ética foucaultiana, que defende fazer da própria vida uma obra de arte, ao dizer, em Dits et écrits:

“O que me surpreende, em nossa sociedade, é que a arte se relacione apenas com objetos e não com indivíduos ou a vida; e que também seja um domínio especializado, um domínio de peritos, que são os artistas. Mas a vida de todo indivíduo não poderia ser uma obra de arte? Por que uma mesa ou uma casa são objetos de arte, mas nossas vidas não?" (FOUCAULT, 1994, p. 617). 

Parece-me que o Prof. Sadao fez isso de sua existência. Uma arte com a diferença.

Talvez seja por isso que ele, cidadão de origem camponesa, que acompanhou e questionou o desligamento simbólico entre o homem e o sol, quando o relógio mecânico, maquinário, interferiu sobre a natureza das relações humanas, seja tão fascinado pelos girassóis de Van Gogh: pelo fato de ele, assim como os girassóis, permanecer ligado ao sol, às naturezas da vida e a todas as possibilidades que elas oferecem.

Muito Obrigado, Professor Sadao, pelas generosas e importantes contribuições à Educação Especial, às comunidades científicas, acadêmicas e sociais, e pelo ser humano que é."

Por: Leonardo Santos Amâncio Cabral

 


Homenagem da Comunidade Científica Brasileira em Ocasião da Aposentadoria do Prof. Sadao Omote (16 de Dezembro de 2020).

Fonte: Grupo de Pesquisa “Diferença, Desvio e Estigma” - UNESP/Marília

"Em dezembro de 2020, Professor Sadao Omote aposenta-se da Unesp de Marília-SP, ao completar, no dia 16, 75 anos. Orientandos (atuais e muito antigos), alunos, colegas e amigos de diferentes gerações, profissões e instituições, expressaram em breves depoimentos, a importância dele para a Educação Especial, para a formação de pesquisadores e também, na vida de muitos. Obviamente, ele merece as mais honrosas homenagens, mas o período da pandemia dificulta eventos e encontros presenciais. Ademais, por sua humildade característica, sempre se coloca longe dos holofotes. Nesse sentido, este vídeo é uma forma virtual de prestar e registrar uma singela homenagem a este homem que certamente será eterno, tanto por suas Obras quanto pelas belas marcas deixadas em tantas pessoas que com ele conviveram.
Agradeço a cada um que enviou seu vídeo, peço desculpas pela restrição do tempo para a edição não se estender muito e convido aqueles que por diferentes razões não puderam participar, a deixarem mensagens por meio dos comentários, que serão repassadas ao professor. Sempre é tempo de expressarem seus votos! E VIVA o professor Sadao!"

Por: Camila Mugnai Vieira (Grupo de Pesquisa “Diferença, Desvio e Estigma”).

 


 

No dia 13 de abril de 2021, às 16h (horário de Brasília) estreou a nova Série da ABPEE intitulada: "Ética na Pesquisa". Segunda série de lives da ABPEE, que traz questionamentos junto às comunidades acadêmicas e do público geral, discussões inerentes a Ética na Pesquisa para a produção científica nas diferentes áreas de conhecimento.
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Entrevistado: Prof. Dr. Sadao Omote - É livre docente em Educação Especial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP, 1992). Professor titular aposentado da Universidade Estadual Paulista (UNESP, 2005). Atualmente é professor adjunto da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de Marília/SP. É Vice-presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial - ABPEE. Desenvolve pesquisas na área de Educação Especial com ênfase na integração do deficiente, formação de recursos humanos em Educação Especial, família de deficiente e formação do pesquisador em Educação.